quarta-feira, 4 de novembro de 2015

TRISTE SINA



MACAPÁ, AMAPÁ, AMAZONIA....

Neca Machado


Ando por aí, não mais com pressa de chegar a algum lugar, já vi e ouvi quase de um TUDO, e nem me surpreendo mais com NADA.
Passando pela Praça Veiga Cabral observei um grupo de TURISTAS reclamando da velha Catedral de São José FECHADA.
E um deles ainda dizia angustiado “ olha só o que fizeram com o Prédio da prelazia?
Resolvi entrar e fiquei Surpresa com a construção de um VERDADEIRO centro de comercio dentro das instalações da IGREJA, sim o local é terreno da Igreja, e me perguntei > onde estão as instituições que defendem o PATRIMONIO HISTORICO E CULTURAL DO AMAPÁ?
Vou ter que dar razão ao turista que reclamava da catedral fechada.
E aí lembrei da bela canção DO POETA EDMAR ROCHA escrita de maneira a fazer um verdadeiro PROTESTO quando viu patrimônios históricos do Pará desaparecerem.
É confirmação apesar de muitos Padres do Amapá não concordarem com a venda de prédios e terrenos da Igreja.
E muitos fieis perguntam pra onde vai o dinheiro?
Não sei.
E muitos questionam, será que o PAPA sabe?
Também não sei, o Papa quer menos ostentação, mas quer preservação do patrimônio institucional.
TALVEZ EU ESCREVA UMA CARTA AO PAPA.
Com a febre da internet, talvez o Vaticano leia e ainda vou mandar em italiano e espanhol.
E voltando a canção do poeta Edmar...
Por aqui caro Edmar, não é diferente.
Acabaram com patrimônio tucuju há muitos anos, o amapaense por aqui é MINORIA, não tem mais verdadeiros PIONEIROS que morrem todo dia e são esquecidos em uma Terra onde ajudaram a erguer o desenvolvimento.
COITADO DO BAIRRO DO LAGUINHO, um dos primeiros a ser erguido com o suor dos afrodescendentes, muitos brigam por cultura, mas a União dos Negros, sem luz, abandonada há anos, aparece somente no encontro dos tambores que ressoam surdos com a tristeza.
Acabaram com o POÇO DO MATO que secou e virou um buraco no meio da rua, e EU dona do MEMORIAL que leva o nome do patrimônio cultural tive que escutar de um jornalista imbecil que apareceu de paraquedas por aqui e já abriu no mundo porque deixou de ganhar uns trocados, repetia em bom tom em uma radio > QUE PORRA É ESSA NO MEIO DA RUA?
Era o POÇO DO MATO.
LEVARAM OS FAROIS DA FORTALEZA DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ.
São tantos problemas que uma crônica só não daria para elenca-los.
Os Barcos do governo estão a deriva enferrujando nas cabeceiras do rio.
O Minério jogado sem futuro contaminando ribeirinhos.
O Igarapé das Mulheres talvez nem sirva para albergue do Spielberg
A POROROCA ACABOU.
Só tem hoje em filme de chinês belas lembranças.
E EU ainda preocupada com o meu DIREITO AUTORAL, depois da minha MORTE, em 70 anos TUDO que escrevi vai virar DOMINIO PUBLICO. PODE? E ai qualquer UM que não fez sequer uma pesquisa como EU fiz vai poder usar do meu trabalho, mas nas cinzas espalhadas ao vento, porque DESEJO SER CREMADA, talvez minha imagem de descontentamento surja em uma nuvem qualquer.
“QUEM QUISER VENHA VER...”
Mais só um de cada vez....

Nossa SINA não será RIMA.
E NOSSOS PATRIMONIOS VIRARÃO MEMORIA.

sábado, 31 de outubro de 2015

PROFESSORA ANESIA PONTES RECONHECE A IMPORTANCIA DE CONCEIÇÃO AMARAL PAR...

PROFESSORA CONCEIÇÃO AMARAL RECEBE O AFETO DE PIONEIROS DO AMAPÁ

JORNALISTA EUCLIDES MORAES FALA DA MORTE DA JORNALISTA HELONEIDA CORREA,

PROFESSORA MARIVALDA SILVA FALA COM AFETO DA PROFESSORA CONCEIÇÃO AMARAL...

PROFESSORA MARIVALDA SILVA FALA COM AFETO DA PROFESSORA CONCEIÇÃO AMARAL...

CESAR BERNARDES FALA COM AFETO DA PROFESSORA CONCEIÇÃO AMARAL, FALECIDA ...

CAIXAS DE SOM NO MEIO DA RUA PERTURBAM O SOSSEGO DE MORADORES NO BAIRRO ...

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

MORRE A PROFESSORA CONCEIÇÃO AMARAL + 28.10.2015

MORRE A PROFESSORA CONCEIÇÃO AMARAL
+28.10.2015-PA

O Estado do Amapá foi merecedor da dedicação ao Magistério de uma VERDADEIRA PIONEIRA DA EDUCAÇÃO.
PROFESSORA CONCEIÇÃO AMARAL deixará uma lacuna na educação tucuju, parte com sua maneira SINGULAR DE SER, ser humano dos mais afetuosos que convivi como sua colega de profissão.
Educação por amor, é para POUCOS, ela sim será INSUBSTITUÍVEL nos gestos, nas ações, na singularidade de seu caráter e na singeleza de suas virtudes altruístas.
Parte no dia DO SERVIDOR PUBLICO, DIA 28.10.2015, serviu ao Estado do Amapá com AMOR, com afeto e com a responsabilidade de um DEVER QUE ESCOLHEU.
Sua trajetória no Amapá jamais será esquecida, seus gestos elegantes, suas palavras pensadas, sua forma cativante de SER, única na singularidade e na simplicidade de UMA VERDADEIRA MULHER DO AMAPÁ.
Seu tempo chegou de despedir se de quem amou verdadeiramente e foi amada.
“ONTEM, recebi a visita de um Pássaro que veio se despedir, batia suas asas no vidro da minha janela como a dizer um Poema de adeus, EU observo avisos singelos e sinais, e hoje VOCE PARTIU. Voará em outra dimensão espiritual, nos iluminará com sua LUZ e cada vez que a palavra soar para orientarmos a Educação, lá estará teu sorriso.
OBRIGADA PELA TUA EXISTENCIA, OBRIGADA PELOS TEUS EXEMPLOS A SEREM SEGUIDOS, OBRIGADA POR CONVIVER UM POUCO COM SUA SABEDORIA.



terça-feira, 27 de outubro de 2015

MORRE A JORNALISTA HELONEIDA


Hoje nos despedimos da presença física da Heloneida. Ficam as lembranças e uma enorme saudade. Boa viagem, amiga. As portas da Casa do Senhor estao abertas para recebe-la, assim como abertos estão os braços do Pai Celestial que a abraçará com promessas de uma nova vida de Paz e de Luz
Janete, Ester, Euclides, Sizan, Regina, Socorro, Justo, Lúcia, Lenice, Leticia, enfim, todos nós que tivemos a alegria de conviver com você.

AVISOS > EU OBSERVO AVISOS

AVISO DE LUZ > Alguém vai desencarnar muito PRÓXIMO A MIM, Hoje 27.10.2015 abri a porta e entrou um Passarinho, esperou eu apanhar a câmera fotográfica, me deu muito trabalho para ir embora. A vida é assim cheia de aviso para quem ACREDITA.
Comments
Neca Machado A espiritualidade é tão fantástica que transcende a compreensão > O Passarinho me fitou varias vezes, batia o bico contra o vidro como a querer falar, e EU pedi LUZ, vá com LUZ, muita Luz, VOCÊ veio e vai voltar.
Neca Machado Lembro de um outro AVISO que me marcou muito > Meu esposo Manfred Haase tem sua rotina de limpar a área do cachorro na parte externa de nossa casa todos os dias, e me assustei com um grito horrível dele ao me chamar, perguntei o que era e ele em ingles me disse que era um passaro grande. Desci e me surpreendi com o tamanho de uma CORUJA, que media quase 01 metro de ponta a ponta da asa, ela estava ferida, tentamos reanima-la, mas ela morreu, antes deu um grito assustador, e EU naquele momento compreendi que ERA UM SINAL. No outro dia, uma senhora que morava próximo de nossa casa, FALECEU de um acidente de Barco. Tem gente que NÃO acredita, é o livre arbítrio, mas, EU tenho convicção de que meus SINAIS NUNCA FALHAM. Antes, não gostava de falar sobre isso, mas agora, é natural, eles veem, vão e sempre ACONTECEM, não são coincidências, são SINAIS. EU OBSERVO SINAIS.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

CASA DO PECUARISTA NO AMAPÁ HÁ MAIS DE 30 ANOS NO COMERCIO TUCUJU

DESAFIOS DE UMA CIRURGIÃ PLASTICA NA AMAZÔNIA > DRA. ZENEIDE ALVES DE SOUZA




DESAFIOS DE UMA CIRURGIÃ PLASTICA NA AMAZÔNIA

Dra. Zeneide Alves de Souza

Recebi da Dra. Zeneide Alves de Souza Cirurgiã Plástica que trabalhou no Amapá por mais de cinco décadas uma Coletânea desde sua infância até a Coordenação das Cínicas do Hospital de Emergência do Amapá. Atualmente ela reside em Fortaleza-CE.
O LIVRO desvenda os mistérios de sua profissão rebuscando fatos familiares desde sua migração para o Amapá, nasceu no Acre e galgou uma trajetória de sucesso na Medicina pela Amazônia e seu amor pelo Amapá onde chefiou o Pronto Socorro de Macapá, atual Hospital de Emergência, Hospital Geral, atual Hospital Alberto Lima, além de ser Secretária de Saúde do Estado o cargo de maior relevância para um Médico porque é onde ele vai conhecer toda a deficiência da saúde da população.

E conclui de maneira corajosa ao expor sua doação em prol da VIDA onde foi contaminada por Hepatite C FAZENDO CIRURGIAS EM HOSPITAIS SEM CONDIÇÕES, a luz de velas ou de lanternas.







quinta-feira, 22 de outubro de 2015

POR ONDE ELA ANDA? ESSE ARTIGO MEXEU COMIGO




Neca Machado MARIA

OLHAR URBANO

S.O.S.MARIA

Debaixo de um tronco de arvore, cheio de formigas, no sol e na chuva ela fez sua morada.

No mês de comemoração ao centenário do Dia Internacional das Mulheres, ela repousa sobre sua dor, talvez, nem tenha dor, sorri seu riso disfarçado de alegria e envolta em abandono ela é mais uma MARIA, a fazer parte de nossa rotina, fica na frente da Biblioteca Publica Elcyr Lacerda no centro da cidade de Macapá, tendo a companhia de um saco, tornou-se a MULHER DO SACO.

Milhares de pedestres passam ao seu lado, e ela, virou mais uma MARIA comum, sem referencia, sem lar e sem vestuário. Quem vai ao centro nem se importa de saber se ela sofre se tem fome ou se tem família, ela é mais uma MARIA na estatística da violência urbana, não física, mas, MORAL.

Onde estão às políticas publicas para as MULHERES como a nossa MARIA, suja, abandonada e sem lar?

Onde está a referencia do Centro de referencia a Mulher que fica perto de onde nossa Maria escolheu para morar?

Ele se localiza na rua São José esquina com avenida FAB.

MARIA não é uma MULHER verbal, nem usa palavras para nos machucar, tem semblante de uma heroína, e olhos da cor de mar, mas, seu estado corta corações, ela escolheu um centro de lirismo, postou-se em frente a Biblioteca Publica de Macapá. Um centro de poesia e conhecimento, a vida de nossa MARIA também tem poemas de dor e abandono.
Onde está o Ministério Publico da cidadania?

Talvez para muitos nossa MARIA nem seja cidadã.

MARIA abandonada a própria sorte, na chuva e no vento, ao lado do Padroeiro São José, que nesses dias que antecedem sua comemoração, que ele possa olhar para ela e abençoá-la.

Onde estão as políticas publicas de apoio ao portador de transtorno mental?
Talvez se alguma autoridade resolvesse ter um filho aos 45 anos, e se ele nascesse com síndrome de Dawn, ele teria uma maior sensibilidade com a nossa MARIA.

Onde está a comissão dos Direitos Humanos da OAB? Este sim, seria um caso para a comissão se debruçar com mais critério e respeito.

E assim, no centenário de comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a nossa MARIA continuará abandonada por outras tantas Marias, Joaquinas, Celias, Marilias e Ester...
postado por necamachado@hotmail.com às15:50

LUIZA SOARES JARDIM, PIONEIRA DO AMAPÁ VALORIZADA EM VIDA POR NECA MACHADO.

LUIZA SOARES JARDIM, PIONEIRA DO AMAPÁ VALORIZADA EM VIDA POR NECA MACHADO.

LUIZA SOARES JARDIM, NOSSAS MULHERES, NOSSO ORGULHO

PROFISSIONAIS DA SAÚDE NO AMAPÁ, APOIAM EVENTO DO CEPGRS

OUTUBRO ROSA NO AMAPÁ, ALIMENTAÇÃO SAUDAVEL

CANCER HISTORIAS REAIS DE SUPERAÇÃO

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

FALECEU ONTEM +ADVOGADA MARIA DO CÉU






FALECEU ONTEM + 24.09.2015
UMA DAS MAIS EXPRESSIVAS MULHERES DO AMAPÁ

ADVOGADA MARIA DO CÉU

Somente hoje recebi a notícia de seu falecimento, é com imensa tristeza que tento expressar minha saudade por aqui.
FUI MESTRE DE CERIMONIAL de muitas de suas festas, ela foi uma das mais relevantes Mulheres que soube SUPERAR todas as adversidades e galgar o conhecimento jurídico e exercer a advocacia em sua plenitude. Foi PRESIDENTA da Associação dos Portadores de Necessidades Especiais, e foi uma representante do Amapá em carregar a tocha olímpica quando veio por aqui.
Filha do Pioneiro DELEGADO TEOLBALDO foi uma verdadeira Mulher que honrou o Amapá, jamais se abateu com o câncer, raspou os cabelos, mas o sereno sorriso nunca desapareceu de seu rosto.
CECÉ foi exemplo de determinação.
Agora junta-se a parte de seus pais e irmãs falecidas, mas em terras tucujus e na Rua São José no bairro Central de Macapá jamais será esquecida.
Acordava com os acordes de Mestre Oscar
Amava as bananas de Dona Izabel Machado
Tinha o afeto de verdadeiros PIONEIROS que conviveram com ela, era vizinha de janela de Dona Raimunda Reinaldo.
E quantas vezes se debruçou sobre os livros para se tornar ADVOGADA.
CECÉ LEMBRAREI DE SEU ETERNO SORRISO.

SOMOS PARTE DO UNIVERSO E DEIXAMOS NOSSAS OBRAS POR AQUI.
VOCE É PARTE DESTE TORRÃO.
OBRIGADA PELA TUA PRESENÇA EM NOSSAS VIDAS.





sábado, 22 de agosto de 2015

22.08 > DIA DO FOLCLORE > EU SOU FOLCLORISTA COM ORGULHO

22.08 > Dia Mundial do Pensamento e DIA DO FOLCLORE

Por > Neca Machado (Jornalista Colaboradora, Escritora, Especialista em Educação e FOLCLORISTA)

Eu sou uma FOLCLORISTA TUCUJU, escrevi dezenas de CONTOS sobre a Mitologia Tucuju e  continuo a VALORIZAR NOSSA GASTRONOMIA.

“O Dia do Folclore é celebrado internacionalmente (incluindo no Brasil) no dia 22 de agosto. Isso porque nessa mesma data, no ano de 1846, a palavra “folklore” (em inglês) foi inventada. O autor do termo foi o arqueólogo inglês William John Thoms, que fez a junção de “folk” (povo, popular) com “lore” (cultura, saber) para definir os fenômenos culturais típicos das culturas populares tradicionais de cada nação.
Sabemos que o folclore, ou cultura popular, tem despertado grande interesse de pesquisadores de todo o mundo desde o século XIX. É fundamental para um país conhecer as raízes de suas tradições populares e cotejá-las com as de caráter erudito. Os grandes folcloristas encarregam-se de registrar contos, lendas, anedotas, músicas, danças, vestuários, comidas típicas e tudo o mais que define a cultura popular.”

CONTOS DA NECA MACHADO

Publiquei centenas de CONTOS que foram releituras de estórias contadas a mim, por verdadeiros PIONEIROS DO AMAPÁ, que poderiam ser publicadas para que as futuras gerações conhecessem a nossa VERDADEIRA ESTORIA, CONTOS E CAUSOS POPULARES, mas, infelizmente só consegui com RECURSOS PROPRIOS publicar apenas um ENSAIO com 10 contos, ninguém da área da cultura amapaense teve interesse.

Dia de Monteiro Lobato não precisamos ficar reproduzindo suas estórias infantis, AQUI NO AMAPÁ, temos tantas histórias E ESTORIAS, belas, traduzindo a verdadeira CARA DA CULTURA TUCUJU.


OS ENCANTOS DO POÇO DO MATO

A lata de manteiga bem ariada, é instrumento de trabalho de Nega Piedade, rebolando as cadeiras ela desce preguiçosa e com ares de princesa de ébano as ladeiras que circundam o entorno do POÇO DO MATO, cantarola sem letra uma canção indecifrável aos ouvidos dos mortais.
Ela retira com cuidado os cipós que atrapalham seu caminho e segue sorrateira como uma cobra a dar o bote. No lado esquerdo um pedaço de pano no ombro, puído pelo tempo e no braço direito a famosa lata de manteiga que serviria para levar o liquido precioso para os patrões degustarem após a ceia matinal e para ajudar nos afazeres domésticos.
Negra Piedade brilha na sua cor lustrada pelos raios dourados do sol que banham aquela manhã, e ela num misto de magia faz parte de uma aquarela. O POÇO DO MATO tornou-se inatingível, distante, e a negra no viço da idade não percebe, o canto do pássaro é sua companhia, e a caminhada é longa, ela levanta a blusa, mostra seus seios rijos ao sol e enxuga o suor da testa.
Ao abrir os olhos o POÇO DO MATO surge como por encanto a sua frente e suas águas jorram como faíscas prateadas lavando o céu.
Piedade é só alegria, suas companheiras não apareceram e ela agradece por não ter que dividir espaço com ninguém em busca da água. A negra furtiva e exausta da caminhada observa se alguém se aproxima, seu suor é forte nas entranhas, seu cabelo carapinha, e os calos nos pés são esquecidos por um momento e ela se entrega aos sonhos, sentada ao redor do POÇO DO MATO encantado, dos Campos do Laguinho.
O Moço branco de camisa engomada, perfume francês estende-lhe suas mãos, e Piedade não recusa seu convite, levanta assanhada, arruma os cabelos, ensaia seu sorriso mais branco, balança as cadeiras, empina os seios num frenesi e exclama: sou toda sua Sinhô!
O moço ergue-a do solo, levita com ela naquele cenário e Piedade emudece, os pássaros continuam a cantar, as arvores deslizam suavemente ao balançar do vento e a brisa que sopra não a desperta de seu sonho irreal.
O POÇO DO MATO é a única testemunha da Negra Piedade e cúmplice em seu prazer carnal. As horas são intermináveis e preocupam os seus patrões, seus conhecidos e os vizinhos da negra Piedade.
Escurece, a Rasga Mortalha solta seu grito ensurdecedor, o céu tem muitas estrelas, o vento é frio e o Poço do Mato assustador, negra Piedade não voltou, os moleques correm com lamparinas pelo mato, cachorros servem de companhia  a procura de negra Piedade, e nem sinal dela. A noticia se espalhou, o seu sumiço é comentado em todas as esquinas, e em todos os bairros, a população que mora na Favela e no Elesbão ficam estarrecidos.
As lavadeiras e as carregadeiras de água junto com as moças virgens são proibidas de irem ao Poço do Mato sozinhas.
Por que?
Negra Piedade foi ENCANTADA no Poço do Mato dos Campos do Laguinho.
“Olha sinhô,
Olha sinhô
No poço do Mato
Essa Negra se encantou…”



ARCAISMOS DO LAGUINHO
Laguinho é meu lugar…

Matéria publicada no caderno de cultura do Jornal Diário do Amapá em: 25 de fevereiro de 2003.


O Bairro do Laguinho é um recanto primoroso do Amapá, possui figuras expressivas no âmbito cultural, folclóricas, boemias, caricatas, anônimas, enfim…
O Laguinho se imortalizou por falar de poesia, sem o compromisso formal da escrita. No Laguinho encontramos o negro soberbo da sua cor, o poeta que cria trovas ao acaso, o boêmio que amanhece fora de casa, e ainda na rua interpreta poemas criados na noite anterior debruçado sobre uma cadeira de um bar qualquer.
Arcaísmos do Laguinho é a rebusca por palavras em desuso, antigas, antiquadas… Falar de umPitisqueiro que guardava preciosidades em suas gavetas de puro mogno, e que o verniz não saiu com o tempo, é salutar para a memória, abicorar  passarinho no Poço do Mato, sem ser incomodado por horas a fio, quieto, calado, feito uma estatua, quase morto… Desmintir o pé numa pelada nos campos do Kouro e levar para a famosa puxadeira Maria Cunha, Sacaca, Crioulo Branco, ou outros famosos que davam jeito na rasgadura do pé com a rapidez de um mágico.
Ataia, ataia… Os caminhos sem demora para se chegar aos objetivos propostos, ir na retrete e deixar a porta aberta era mania de todo mundo, só fechavam a porta quando alguém aparecia de repente.
Alguém estava Cuira para saber das ultimas novidades que as fofocas espalhavam, tiriça curtida depois de um bom gole de açaí amassado pelas mãos da Tia Geralda, a canela de um moleque magro,intanguido, tuira de não tomar banho, ou quando tomava era pela metade…
A cabeça de prego que trazia doenças e ficava nas valas empossadas ao lado, era um perigo diziam as velhas amas.
Menino corre da frente dessa cintina, gritava a mãe de vez em quando, Eré, Eré para mandar embora os inconvenientes, rodilha quebra com facilidade, cuidado! Só como paçoca feita em mufari(pilão). O Laguinho será sempre um lugar de saudade, aconchego e muitos amigos…


UM ROSTO
Conto publicado no Jornal Diário do Amapá em, 23 de fevereiro de 2003.
O rosto que apareceu no espelho não era verdadeiro!
A moradora do bairro do Igarapé das Mulheres se espantou; tinham rugas que pareciam de verdade, o sorriso era enigmático e traiçoeiro. A luz que pairava sobre o vulto sem forma no reflexo do espelho era assustador.
A noticia correu como um campeonato de velocidade, primeiro a benzedeira foi chamada, depois cobriu com um pano o local, passou algo embebido em cachaça, fumou um cigarro barato, fez o sinal da cruz e a coisa não sumiu.
A casa foi construída na beira do Igarapé das Mulheres, seus pés permaneciam dentro das águas barrentas o ano todo; às vezes a madeira de lei ficava totalmente encoberta, outras vezes somente a metade, dizem as más línguas que foi a reza de um pescador sentimental que agourou a velha casa, comprada com trocas de muitas viagens de pescaria, alqueires de farinha, piracuí e algumas frutas que foram plantadas na parte mais alta da propriedade, que serviu de moeda para adquirir tal patrimônio.
A reza foi complementada com muita água benta deixada de presente pelo velho pároco que estimava a família.
No espelho o visitante ao olhar a imagem refletida, tinha a sensação de realmente se deparar com um ROSTO.
Se era uma imagem masculina, o padre que também foi chamado, não soube explicar. O que realmente aconteceu foi algo assustador; os antigos moradores sumiram de repente, como por encantamento de mãe do mato, a policia ainda tentou investigar o sumiço, porém, nada foi deixado como pista. Era um casal de velhos da Ilha do Marajó, não tinham filhos, viviam somente da pescaria, e um dia a noticia chegou: os pobres velhos sumiram, alguém achou que foi o Boto, outros que foram comidos por jacaré açu que rondavam o local, e nada.
O que se comentava pelos cantos, era que agora, com alguém morando na mesma casa, os antigos donos queriam voltar e assumir seu lugar.
O ROSTO no espelho ficou na lembrança de muitas pessoas, como Dona Maroca que só de lembrar ainda sente calafrios na espinha e se benze, dizendo: Cruz, credo, virgem Maria!

FUNDO DE GAVETA
Publicado em 21 de fevereiro de 2003 no Jornal Diário do Amapá.


Quando ela se deparou chegando aos oitenta anos sentiu um leve frio na costela…
A negra dos Campos do Laguinho sentou na varanda da casa rústica e resolveu revirar seu passado, era como se limpasse o armário e olhasse profundamente para um fundo de gaveta…
Primeiro foram às mãos que envelheceram sem o sentir do passar dos anos, tinham marcas profundas de uma jovialidade, que a cor conservava, sem que o tempo demonstrasse sinal de sua presença.
Já não podia tocar em algo que as dores de um reumatismo não surgisse de repente, que a deixavamprostada por dias a fio na velha rede de algodão.
Muitos sinais da passagem da juventude desapareceram, sumiram como por encanto. A dor de cabeça era uma constante, e o famoso banho de São João que conservava debaixo da cama, era sua salvação, o banho era um segredo de família, conservado anos. Em dias de comemoração ao famoso santo, as ervas aromáticas ficavam em infusão por três dias banhadas em água de poço amazônida e retirados pela madrugada, tinha que ser antes do sol raiar para fazer efeito segundo a velha senhora. Sua sabedoria popular extrapolou os limites do Laguinho e as consultas em sua casa eram diárias.
Na gaveta o fundo amarelado guardava alem das lembranças, muitas saudades. Recostou o ombro na cadeira de balanço, tirou um fio de cabelo, e percebeu sua cor esbranquiçada que ficou em suas mãos, neste momento, outra dor mais forte no peito. Eram as lembranças que aquela gaveta lhe trazia, não lhe faziam bem nenhum.
Pensou no tempo em que o velho murucizeiro conhecia suas lembranças, foram cúmplices durante muitas décadas, ele era um confidente leal, em sua sombra a cumplicidade, seus frutos doces no chão, somente uma desculpa para querer sua companhia. Agora as tardes não possuíam mais o encanto de outrora, havia naquele momento um amargo sabor de saudade.
A gaveta seria fechada de uma hora pra outra, e com ela toda uma vida de glorias, vitórias, desamor, magoas, arrependimentos, tristezas, sonhos… Tudo ficou no passado!
NO FUNDO DE UMA VELHA GAVETA!





A BORBOLETA
Publicado no Jornal Diário do Amapá em; 12 de fevereiro de 2003-cultura.

A BR 156 estava completamente nublada ao entardecer, e ainda no vidro do carro embaçado pela chuva fina, o motorista tentava não desviar da estrada, porém, os buracos em numero excessivo eram grande obstáculo, ele ainda estava preocupado com o sono leve que se aproximava deixando transparecer um ar de inquietação.
Neste momento um caminhão carregado de eucaliptos que vinha em sentido contrario o fez redobrar a atenção para não ocasionar um acidente grave.
O buraco no meio da estrada surgiu como por encanto, ele sabia que não estava lá quando veio pela primeira vez, e o sol ainda estava no alto norteando sua viagem. O barulho das rodas no asfalto fez com que os ocupantes que estavam no banco de traz acordassem, e aos gritos perguntavam: o que foi isso? E o coitado branco de medo não tinha uma explicação.
A viagem com o primeiro susto seria o começo de uma grande odisséia naquela noite. O carro equilibrava na estrada como que conduzido por algo estranho e o motorista continuava com seu medo sem demonstrar aos outros ocupantes.
O vento forte que bateu no vidro da janela, fez com que uma claridade repentina despertasse o motorista que já se acalmava do primeiro susto, e ele não sabe explicar como o fenômeno aconteceu: primeiro foi uma rajada de vento acompanhado de uma luz muito forte, depois um inseto que foi se transformando em algo maior e ele exclamou assustado aos amigos que era uma Borboleta gigante.
No percurso com destino ao município amapaense de Ferreira Gomes, uma Borboleta luminosa acompanhou a viagem sem se deixar ficar para traz.
As vezes acompanhava do lado direito do carro, e quando o motorista tentava firmar o olhar para reconhecer o inseto, ela se esquivava e desaparecia, para logo em seguida surgir do nada no outro lado.
A luz que a rodeava era uma luz diferente que mudava de cor segundo o tal motorista que não conseguiu descrever qual a sensação de visualizar algo sobrenatural. Também existiu o medo que foi indescritível naquele momento de pavor.
E a estória da tal Borboleta Gigante se espalhou pelos velhos motoristas da BR 156.

DESPEDIDA
Publicado no Jornal Diário do Amapá em: 13 de fevereiro de 2003-cultura.

As chuvas de março sempre foram inspirações para os mais sensíveis com o coração.
O frio une os amantes tornando-os mais cúmplices e amigos, fortalecendo as relações recíprocas de afeto, e deixando aflorar cada poeta escondido em um emaranhado de funções cotidianas, onde as obrigações tornam-se prioridades, deixando de lado a parte emotiva do ser humano.
A noite é um labirinto de desejos, que atinge o clímax quando a chuva começa a dar seus primeiros sinais, deixando as emoções nortearem os instintos, onde o entrelaçar de mãos, o sussurrar de sons indecifráveis é um ritual continuo sem hora para acabar.
O casal de namorados fez sua primeira jura de amor debaixo de uma das arvores centenárias da avenida Beira Rio, onde o vento forte do Rio Amazonas serviu de testemunha, pássaros eram platéia, que empolgados com o romance gorjeavam sem parar. Juras intermináveis, sensações luxuriantes e inebriantes faziam parte do cenário, e a chuva era o complemento final de uma cena de amor. Prometeram amar-se eternamente, até que a morte os separasse, cascas de arvores frondosas foram arrancadas e marcaram através de incrustações, como testemunho de um compromisso informal, sem a presença de um contrato civil, a relação amorosa daqueles eternos amantes.
O rapaz ao se despedir da amada ainda conservava no semblante o grau de felicidade que ela lhe proporcionou, e não percebeu o automóvel que se aproximava com regular velocidade, que o apanhou na lateral da calçada e ele foi atingido justamente na cabeça, tendo naquele momento traumatismo craniano fatal.
A noticia chegou como um raio que atingiu a moça em cheio, sem uma explicação que jamais será aceita. E ela com as mãos na cabeça, aos gritos sem conseguir pronunciar as frases corretas, tentava entender o por que? daquela DESPEDIDA.
Ele anteriormente desejava ser feliz e prolongar aquela felicidade que foi interrompida sem explicação. Ficará somente na entranha de uma arvore a lembrança de uma jura de amor.
Despedidas inexplicáveis acontecem todos os dias, porém, jamais conseguiremos compreender!


COMIGO NINGUÉM PODE…
Publicado no caderno de cultura do Jornal Diário do Amapá em: 28 de novembro de 2002.

    A planta altamente venenosa é uma espécie de tajá brabo. Para os curandeiros que praticam a pajelança ela possui poder miraculoso que combate o mau olhado.
O pé de comigo ninguém pode ficava atrás da casa de um morador antigo do bairro do Laguinho. A matriarca tinha mania de curar a arvore que, viçosa possuía as folhas mais bonitas da redondeza, sua cor de um verde-oliva chamava a atenção de todos que a observavam com inveja, segundo a proprietária.
Entremeadas entre o verde e o branco as folhas reluziam seu brilho ao cair da tarde, sua forma como se fosse um coração se debruçava ao vento demonstrando que possuía superioridade entre as outras plantas do quintal.
Todos os dias o belo pé de Tajá recebia bacias cheias de água curada como diziam os mais antigos.
Na mistura benta lá se iam: sal grosso, alho batido no pilão de pau, folhas de mucuracaá, ramos de alecrim, pingos de cachaça pura e virgem e lavagem de água de carne fresca. Quando recebia seu banho o pé de comigo ninguém pode só faltava falar, suas folhas balançavam soberbas, e o vento vinha com uma docilidade como se conversasse com a touceira do Tajá venenoso.
Um dia a vizinha ouviu um assovio; começou fino, depois cresceu, ecoou pelo quintal, penetrou na alma, e ela procurou entre os pés de açaizeiro se havia alguém escondido lá, nada de anormal foi avistado. Varias vezes ela escutou o mesmo som e começou a partir daquele dia a prestar mais atenção de onde ele vinha.
Descobriu assustada que era do pé de Comigo Ninguém pode.

                                   
O BODE
Publicado no Jornal Diário do Amapá em: 12 de agosto de 2002.

O Curiaú se orgulha de sua gente e de suas lendas perpetuadas por pioneiros como seu Joaquim Tiburcio  Ramos.
A lenda do BODE foi propagada por muitos e muitos anos.
Contam os mais antigos que José Clarindo depois de uma tarefa na roça dirigia-se para sua residência lá pelas seis horas da tarde, e com a proximidade do entardecer, o medo tomava conta dos moradores, que intimidados pelas conversas de conhecidos e contadores de causos de aparecimentos de visagens, esperavam a presença do tal Bode Preto, que segundo seu Joaquim possuía uma barba rente aos pés. Clarindo não se intimidou, disse que ia de qualquer jeito, porém Tia Raimunda o aconselhou: “José não vai o Bode pode te pegar”! Seu Joaquim disse que com o seu porrete de paxíuba , nem um Bode o intimidaria, e reiterou: que “não ia crú” o porrete não o abandonaria. Ele não se acorvadou, porem, a morrinha lhe pegou.
Dizem que no dia 26 de julho o Bode realmente apareceu e a partir daí a lenda se espalhou e virou estrofe do cancioneiro popular nas trovas de cantorias dos batuques regionais, e uma delas diz assim:
“Na cisma do Joaquim/ nas terras do Curiaú/ não falo com todo mundo/ lá apareceu um Bode/ e tão dizendo que sou EU/”

Alguns mais afoitos propagavam um boato que quando as pessoas mais antigas, próximas da morte, elas se encantavam e viravam: Bode, Onças, Porcos, etc…
E assim a lenda do Bode Preto não desapareceu, continua viva e na memória de muitos pioneiros afrodescendentes como o seu Joaquim.
Seu Joaquim Tiburcio Ramos já é falecido.